Fogo & Água

Enquanto andava na minha passeata pelos blogs de destaque do SAPO, encontrei este engraçado cartoon, na Ordem do Balcão. De facto a imagem tem a sua piada e irreverência, bem como uma crítica ao sistema nacional de emergência médica.

O problema é que a piada perde-se quando a vítima é da nossa família, ou alguém próximo de nós. Já ha algum tempo para cá que queria abordar este tema que diz respeito a todos os portugueses.

O caso é ainda recente e foi polémica em todo o país, pondo a descoberto os podres da emergência médica e prestação de socorros em Portugal. O caso toca-me particularmente, já que a comunicação social não soube contextualizar a situação e explicar porque é que só se encontrava um homem no quartel àquela hora da noite. Mas eu faço questão de explicar!

Favaios é uma freguesia do concelho de Alijó, distrito de Vila Real. O município de Alijó foi mais uma das vilas do interior norte do país das quais o Ministério da Saúde resolveu fechar o Serviço de Urgência. No concelho de Alijó existem 19 freguesias e com 19 mil habitantes tem direito a nada mais nada menos que 6 corporaçãoes de bombeiros.

Alijó, Favaios, Pinhão, Sanfins do Douro, São Mamede de Ribatua e Cheires são as corporações existentes numa área municipal de aproximadamente 300 km2, que a noite fecham, ficando só o telefonista caso haja um incêndio numa casa ou um caso de maior dimensão e que seja necessário tocar a sirene. Importante é frisar que a maioria destes homens são voluntários não remunerados, fazem este trabalho porque gostam e não desempenham funções a tempo inteiro. Também nesta área não existe uma única ambulância equipada pelo INEM ou com técnicos do INEM a operar.

E dizia o ministro, o excelentíssimo senhor Correia de Campos que foram criadas condições para que se procedesse ao encerramento das urgências.

A culpa, meus amigos, não é dos bombeiros, é de todos nós, cidadãos civis que não sabemos como funciona o número nacional de emergência médica. A culpa é de todos nós que continuamos de braços cruzados a ver crianças falecerem à entrada de hospitais, que continuamos de braços cruzados a ver grávidas terem os seus filhos a caminho da maternidade, é de todos nós que não expressamos a nossa revolta e a nossa fúria contra o trabalho que está a ser executado.